Eufemismo
A abordagem da “operação lava jato” contida no livro se proclama objetiva (p. xiii), registrando que os atos praticados pelos agentes de justiça criminal então considerados, se não merecem apologia, também não podem ser alvo de crítica fácil (p. xxii). O trabalho realizado - trata-se de uma adaptação de dissertação de mestrado apresentada na Universidade de São Paulo - não realiza nem uma coisa, nem outra. Dividido em duas partes, o livro aborda, inicialmente, a experiência institucional havida na Justiça Federal a propósito da jurisdição criminal. A segunda parte é dedicada à análise da tramitação das diversas ações penais originadas da investigação. A apreciação feita pela Autora é carregada de eufemismo. Ilegalidade é referida como “ação estratégica”. Parcialidade judicial é chamada de “voluntarismo”. A atuação dos agentes públicos do sistema de justiça criminal à margem da lei é chamada de “atalho” ou “heterodoxia” (p. 151). A análise crítica é rasa. É preciso chamar as coisas pelo nome! ( )